Caçadores-coletores x Revolução agrícola (Mitos e verdades)
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Caçadores-coletores x Revolução agrícola (Mitos e verdades)



Durante muitos anos acreditou-se que a revolução agrícola foi uma demonstração de uma revolução cognitiva na humanidade, mas o que o best-seller "Sapiens: Uma breve história da humanidade", do historiador israelense Yuval Noah apresenta é algo revelador (ainda que já conhecido por muitos dos adeptos de uma vida saudável). O livro, por si só, traz luz a muitas questões relacionadas à história da humanidade mas vamos focar neste post as questões diretamente relacionadas aos mitos e verdades sobre os 2 grandes estágios do homem quanto ao tipo de alimentação.

Antes de continuarmos, é válido esclarecer que o autor apenas expõe os fatos relacionados à evolução da humanidade, sem compromissos filosóficos ou dietéticos; ele não defende nenhuma dieta mas alerta que nunca se comeu tão mal quanto atualmente. A intenção aqui é sanar dúvidas (e esclarecer) aqueles que pensam que somos mais "evoluídos" hoje com todas as nossas benesses de sociedade moderna.

Indo contra o que parece ter conquistado a maioria dos cientistas, o reducionismo (fortemente questionado na epistemiologia, ou filosofia da ciência) o autor ignora a falta de uma visão sistemática, aberta, multidisciplinar, sem preconceitos e integrada que permeia as produções científicas passando sobre a história da humanidade sem compromissos nutricionais, dietéticos ou com qualquer empresa de área de saúde (foco de nosso canal). Um livro que fala NADA de saúde mas TUDO do porquê estarmos vivendo o PIOR MOMENTO DA HUMANIDADE NO QUE DIZ RESPEITO À QUALIDADE DE VIDA !!! Nunca se teve tanto conhecimento em mãos e tanta inércia das autoridades para mudar (e reconhecer) aquilo que será conhecido como O MAIOR ERRO CIENTÍFICO DA CIÊNCIA HUMANA !

Sendo formado em Biologia, é fácil entender que um ser evoluído é aquele que consegue transmitir suas "cópias de DNA" para as gerações posteriores. A evolução não tem compromisso com a qualidade de nossa vida após o período considerado o melhor para se gerar novas crias. Para a vida, de um ponto físico, o que importa é você permitir que um sucessor perpetue seu material genético.

Um dos primeiros pontos que devemos mencionar é o custo energético de nosso cérebro (homo sapiens), que em repouso bate 25% de toda a energia consumida pelo nosso corpo. Para isso foi necessária uma mudança na alimentação do homem.

O autor ainda aponta que o ser humano precisou (e só sobreviveu por isso) aprimorar suas habilidades sociais; afinal somos seres gregários e se tem uma coisa que tem trazido muita infelicidade, depressão e até mesmo somatização em outras doenças é o nível de isolamento a que temos nos submetido por força de precisarmos ser individualistas (estamos trabalhado este conceito também aqui no canal).

Os registros apontam que éramos particularmente bons em caçar em grupo e que a maioria dos nutrientes advinha do tutano *(medula dos ossos).
* Quem não viu, vale a pena ver a receita de um alimento de altíssima densidade nutricional que é a sopa de ossos; procure pelos carecas das cavernas no Youtube.

Alguns bons parágrafos lembram da importância do fogo* na alimentação do homem.
* Existem cientistas que começam a nos classificar não mais como onívoros, mas como coctívoros, ou seja, nos alimentamos de alimentos cozidos.

Fomos caçadores-coletores por mais de 99% de nossa história genética; a agricultura e os grãos foram inseridos na dieta há cerca de apenas 10.000 anos. Segundo o autor, é difícil acreditar que estejamos adaptados a este tipo de alimentação do ponto de vista genético.

O homo sapiens é apresentado como oportunista*, veja um trecho do livro:
"Se uma mulher da Idade da Pedra se deparasse com uma árvore repleta de figos,
a coisa mais razoável a fazer era ingerir o máximo que pudesse imediatamente,
antes que um bando de babuínos comesse tudo."

* Eu mesmo me encaixo nesta classificação pois desde que me adequei a comer comida de verdade, sem processamento e adição de ingredientes, passei a comer quando tem comida. Não é rara a refeição em que me alimento bem acima da minha necessidade ou aquela em que simplesmente pulo porque não há fome.

Os grupos de homo sapiens, espalhados pelo globo, eram muito diferentes uns dos outros*. Os assentamentos começaram ao redor de locais com abundância de água e pesca.
* Aqui eu lembro de Weston Price, que visitou diversos grupos isolados e não conseguiu definir algo em comum para eles, apenas o que eles não tinham em comum. Leia: Contra fatos não há argumentos !

As habilidades e conhecimento da natureza variavam muito de acordo com o local onde habitavam. Os caçadores-coletores eram profundos conhecedores do ambiente e sobreviventes habilidosos (plenamente adaptados).

Antes se caçava de 3 em 3 dias e a coleta durava de 3 a 6 horas diárias, sobrava muito tempo para outras coisas como brincar, descansar e interagir. Hoje vivemos sob o forte jugo da labuta, trocando nosso trabalho (e muitas vezes saúde) por algo que não existe em sua essência: dinheiro.

O homo sapiens tinha uma dieta extremamente variada, de alta densidade nutricional e livre de açúcar. Vivia-se tanto quanto hoje e com uma qualidade maior que a atual. Muitos acreditam q éramos menos saudáveis mas o autor dá um show ao mostrar que evidências suprimem qualquer sentimento (ou achismo) de nossa parte. Descrevo abaixo trecho do livro:
"Em quase todos os lugares e em quase todas as épocas,
a atividade caçadora-coletora fornecia a nutrição ideal.
Isso dificilmente surpreende ? essa foi a dieta humana
durante centenas de milhares de anos,
e o corpo humano estava bem adaptado a ela.
Evidências de esqueletos fossilizados indicam
que os antigos caçadores-coletores tinham
menos tendência a passar fome ou sofrer desnutrição e em geral eram
mais altos e mais saudáveis do que seus descendentes camponeses.
Ao que parece, a expectativa de vida era de apenas 30 a 40 anos,
mas isso se devia, em grande parte,
à incidência elevada de mortalidade infantil.
As crianças que sobreviviam aos perigosos primeiros anos
tinham boas chances de chegar aos 60, e algumas chegavam aos 80.
Entre os caçadores-coletores modernos, as mulheres de 45 anos podem
esperar viver outros 20, e cerca de 5 a 8% da população tem mais de 60 anos."
Leia mais sobre a origem destes dados em: Antiquity of postreproductive life: are there modern impacts on hunter-gatherer postreproductive life spans?

Ainda que fosse um ambiente difícil, a violência entre o grupo era algo raro; a vida social era por demais valorizada*. A questão de socialização não foi uniforme, houveram registros de lugares onde havia violência entre os grupos, mas não dentro do próprio grupo.
Fato é que a revolução agrícola trouxe à existência o conceito de posse, o que gerou violência, guerras, ganância etc
* Em sua obra Degeneração física e nutricional, Weston Price levanta a questão da alimentação no comportamento social e faz uma ligação direta à questão da violência.

O autor atribui à revolução agrícola o epíteto: A MAIOR FRAUDE DA HISTÓRIA; um capítulo que vale ser lido à parte. Há muito se atribui uma evolução cognitiva à "domesticação" de plantas e animais; mas a verdade é que segundo as palavras do autor, isto é UMA FANTASIA.

Com esta "revolução" veio uma enorme unidade (ou comodidade) nutricional; e as doenças infecciosas seguiram com a criação dos animais necessários a este modelo de subsistência. Além disso, a vida na agricultura era mais difícil, menos gratificante, monótona e promoveu doenças, desnutrição e estratificação social. Nas palavras do próprio Yuval:
"Quem foi responsável? Nem reis, nem padres, nem mercadores.
Os culpados foram um punhado de espécies vegetais,
entre as quais o trigo, o arroz e a batata.
As plantas domesticaram o Homo sapiens, e não o contrário."

O homem foi subjugado pelo Trigo, que exigiu MUITO DO HOMEM. A jornada era árdua, intensa e impiedosa. O homem passou a proteger a planta, e deixou de se adaptar ao ambiente para "adaptar" o ambiente a ele.
"Nós não domesticamos o trigo; o trigo nos domesticou.
A palavra "domesticar" vem do latim domus, que significa "casa".
Quem é que estava vivendo em uma casa?
Não o trigo. Os sapiens."

Mas o trigo não trouxe só doenças, violência e desespero; também permitiu ao homem explodir em número (cópias de DNA). Nunca teríamos conquistado tamanha população se ainda dependêssemos de caça e coleta.

A obra continua abordando a depredação natural, os maus tratos com os animais e outras coisas relacionadas mas finalizo este post com as palavras do próprio autor:
"A REVOLUÇÃO AGRÍCOLA É UM DOS
ACONTECIMENTOS MAIS CONTROVERSOS DA HISTÓRIA.
Alguns defensores afirmam que ela colocou a humanidade no caminho da prosperidade e do progresso; outros insistem que a levou à perdição. Esse foi o ponto decisivo, afirmam, em que os sapiens abandonaram sua íntima simbiose com a natureza e correram rumo à ganância e à alienação. Qualquer que fosse a direção dessa estrada, não havia retorno. A agricultura permitiu que as populações aumentassem de maneira tão rápida e radical que nenhuma sociedade agrícola complexa poderia se sustentar novamente se voltasse a se dedicar à caça e à coleta."





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