Aquecimento e Prevenção de Lesões
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Aquecimento e Prevenção de Lesões


Atualizando informações anteriores

Em 2013 escrevi três postagens sobre o tema Alongamento e Aquecimento (veja parte 1, parte 2 e parte 3), aqui reproduzo as considerações finais e as conclusões (as referências bibliográficas podem ser encontradas na postagem original).


No que diz respeito ao desempenho em atividades como musculação e outras formas de exercícios de força e/ou velocidade parece que uma modificação do tipo de aquecimento utilizado anteriormente a realização destas atividades seria aceitável. A realização de aquecimentos que envolvem movimentos articulares e a utilização de grupos musculares específicos com e sem sobrecarga e/ou exercícios dinâmicos em geral por períodos que podem chegar a 10 minutos, mostrou-se uma opção mais eficiente do que o aquecimento composto por exercícios de alongamento. Isto não parece tornar a realização dos exercícios de musculação menos segura, já que um protocolo de alongamentos realizado anteriormente a atividade muscular não parece prevenir as lesões induzidas por contrações musculares e também pelo fato de que tanto alongamentos como contrações isométricas diminuem a tensão passiva muscular durante o estiramento da mesma forma.

Observando as informações quanto às alterações cardiovasculares semelhantes às ocorridas em indivíduos cardiopatas, parece prudente considerarmos a realização de exercícios de aquecimento anteriormente à realização de atividades de resistência, principalmente, se estas forem realizadas em intensidade elevadas. Porém é importante ressaltar que o tipo aquecimento capaz de evitar as anormalidades cardiovasculares é aquele composto por exercícios dinâmicos de características cíclicas e normalmente é composto pelo mesmo tipo exercício que será realizado posteriormente, com cargas leves que são elevadas gradualmente e com duração de mínima de 5 minutos.

Quando da utilização de meios preventivos, diferentemente da realização de alongamentos no aquecimento, outros tipos de intervenção como a modificação na frequência, duração e/ou distâncias de treinamento parecem estar associadas com a diminuição do risco de lesões nos membros inferiores geradas pela corrida, pois 50-70% das lesões ocorridas em corredores são lesões por esforços repetitivos. Além das alterações no treinamento, também parece ser importante que os corredores sejam educados para a identificação rápida de lesões geradas por esforços repetitivos e para a importância de uma reabilitação completa, já que parece existir uma relação entre o número de lesões ocorridas no ano anterior e o número de lesões no ano seguinte.

Considerando a economia de corrida (consumo de oxigênio para uma mesma velocidade de caminhada e corrida) que podem ocorrer quando a flexibilidade muscular é menor, a segurança cardiovascular e a falta de evidências cientificas da relação entre alongamento e o índice de leões é possível acreditarmos que para atividades aeróbicas como corrida, natação, aulas de ginástica aeróbica (STEP e mini trampolim) e ciclismo a utilização de atividades de aquecimento compostas por exercícios dinâmicos de características cíclicas, semelhantes ou iguais ao exercício que será realizado posteriormente, utilização de cargas leves a moderadas, com elevação gradual da intensidade, duração de mínima de 5-10 minutos e sem realização de alongamentos parece ser suficiente para a execução eficiente e segura da uma sessão de treinamento.

Também é importante ressaltar que estamos falando da utilização de exercícios de alongamento imediatamente antes da realização de diferentes tipos de treinamento, porém sabemos que a realização de programas de flexibilidade posteriormente a uma sessão de treinamento ou em outras ocasiões pode ser benéfica para o desempenho e prevenção de lesões. Mesmo que o treinamento de flexibilidade não venha a trazer alterações na redução do desempenho gerada pela realização de exercícios de alongamento imediatamente antes dos exercícios, é importante ressaltar que um maior grau de flexibilidade não parece ter influência sobre as reduções de desempenho geradas por exercícios de alongamento. Dados mostram que mesmo após um programa de treinamento de flexibilidade de quatro semanas que promova aumento da amplitude de movimento articular dos membros inferiores, a diminuição da força isométrica voluntária máxima antes e após o período de treinamento de flexibilidade não foi diferente. Mostrando que a flexibilidade não está relacionada com a diminuição da força gerada pelos exercícios de alongamento.


Resolvi escrever essa postagem e voltar ao tema aquecimento pelo fato de que recentemente tive acesso a um artigo publicado em 2012 sobre o tema aquecimento e lesões com o seguinte título:

The effectiveness of neuromuscular warm-up strategies, that require no additional equipment, for preventing lower limb injuries during sports participation: a systematic review.

Esta revisão sistemática da literatura envolveu nove trabalhos que incluíram uma média de 1.500 participantes de ambos os sexos e com média de faixa etária variando entre 13 a 26 anos. Foram avaliados jogadores e jogadoras de futebol, basquete, vôlei e também militares de ambos os sexos. As regiões de ocorrência das lesões avaliadas foram o pé, tornozelo, perna, joelho, coxa, virilha e quadril. A incidência de lesões foi quantificada pelo número de lesões por cada 1.000 horas exposições do atleta e pela incidência cumulativa. Detalhes de cada um desses nove estudos podem ser acessados clicando aqui.

Os autores concluíram que estratégias neuromusculares de aquecimento podem reduzir a incidência de lesão nos membros inferiores de atletas do sexo feminino, amadores jovens e recrutas militares masculinos e femininos. Normalmente estas estratégias de aquecimento são compostas por alongamentos, exercícios de fortalecimento, exercícios de equilíbrio, exercícios específicos de agilidade para cada esporte e também técnicas de salto e aterrissagem aplicadas de forma consistente por mais de três meses consecutivos.


Essas conclusões reforçam a posição colocada por mim nos textos anteriores. Posição que fala da importância do aquecimento como forma de melhora da flexibilidade, mas que sua utilização com única estratégia de aquecimento como forma de prevenção de lesões não é a mais indicada. Outras estratégias são necessárias para que esse objetivo seja atingido.

Carlinhos




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