Fitness
Alongamento e Aquecimento - Parte 3
Pessoal! Para finalizar o tema alongamento e aquecimento ai está a parte 3! a Parte 1 pode ser lida no link e Parte 2 no link! Abração!
Parte 3
Aquecimento e Performance em Atividades Aeróbicas.
ROBERGS & ROBERGS (2002) afirmam que alterações geradas pelo aquecimento como elevação de temperatura muscular, aumento do fluxo sangüíneo, diminuição do déficit de oxigênio, aumento do catabolismo dos lipídios e diminuição do metabolismo dos carboidratos, estão comprovados cientificamente.
Considerando que o aquecimento pode diminuir a utilização de carboidratos (Robergs & Robergs, 2002) durante a realização de atividades de endurance e que a depleção das reservas de glicogênio pode diminuir a quantidade total de trabalho em atividades aeróbicas em cerca de 45% (Pernow & Saltin, 1971), podemos inferir que a manutenção do conteúdo de glicogênio muscular, gerada pelo aquecimento, pode retardar a fadiga e melhorar a performance nesse tipo de atividade. Contudo vale ressaltar que mesmo com as reservas de glicogênio substancialmente reduzidas ainda é possível manter uma atividade de endurance em níveis submáximos (Pernow & Saltin, 1971), cerca de 60-70% do VO2 máximo, desde que o suprimento de ácidos graxos livres seja adequado (Pernow & Saltin, 1971). Assim poderíamos considerar que a depleção do glicogênio muscular realmente diminuiria a performance em atividades endurance de intensidade elevada e máxima, pois outras alterações dependentes das reservas de glicogênio muscular durante a realização de atividades aeróbicas também somente ocorrem em intensidades elevadas e não em intensidades moderadas, como a alteração da cinética do VO2 devido à depleção das reservas de glicogênio das fibras musculares do TIPO I e II (Carter et al, 2004).
Durante a realização de uma atividade de corrida, em uma mesma velocidade, o consumo de oxigênio pode variar por fatores como o tipo de solo (Jensen, 1999), composição e distribuição das fibras musculares (Kyrolainen et al, 2003), tipo de atividade realizada anteriormente (Crawford et al, 1991; Palmer & Sleivert, 2001), tipo de treinamento (Saunders et al, 2004) e flexibilidade (Jones, 2002). Quando temos alterações na quantidade de oxigênio consumido em uma mesma velocidade, podemos determinar o gasto energético para essa corrida (Kerdork et al, 2000) e assim determinarmos a economia de corrida (EC). Como a EC tem uma relação direta com o consumo de oxigênio podemos inferir que exista uma relação entre ela e a performance de corrida e que se a economia de corrida diminui, fazendo com que o consumo de oxigênio para uma mesma velocidade aumente, poderemos ter um comprometimento da performance.
A capacidade elástica de retorno de energia para o corredor gerada pelo piso pode ser um efeito positivo para a EC (Kerdork et al, 2000), assim como, a períodos de treinamento tipo viver-alto e treinar-baixo (Saunders et al, 2003). Porém os efeitos de exercícios de flexibilidade e conseqüentemente de uma maior flexibilidade parecem ser diferentes. NELSON ET AL (2001) analisaram a influência de um programa de treinamento com 3 dias semanais de exercícios de flexibilidade, durante 10 semanas sobre a EC. Demonstraram que este programa de treinamento para flexibilidade não gerou influência negativa ou positiva. Outros trabalhos (Craib et al, 1992; Jones, 2002; Beaudoin & Whatley, 2005) demonstraram uma relação inversa entre a flexibilidade de músculos específicos e EC. JONES (2002) analisou a relação entre a performance de 34 corredores de nível internacional no teste de flexibilidade de sentar-alcançar e a EC durante um teste de esteira de aproximadamente 70% do VO2 máximo. Os dados levaram o autor a concluir que os atletas com menor flexibilidade foram os atletas com melhor EC. Esta redução da EC gerada por uma maior flexibilidade pode ser explicada por uma redução da capacidade da geração de energia elástica durante a fase de encurtamento gerada pelo ciclo de estiramento-encurtamento (Craib et al, 1996; Jones, 2002) e um aumento da necessidade de estabilização muscular (Craib et al, 1996), semelhantemente ao que acontece com a diminuição de performance gerada por exercícios de alongamento antes de realização de corridas de curta distância (Fletcher & Jones, 2004).
Aquecimento e Segurança Cardiovascular
Mesmo que para atividades de endurance o aquecimento possa não ser um determinante fundamental da performance, no que diz respeito à segurança cardiovascular ele parece ter uma função importante. Durante o eletrocardiograma (ECG) em esforço depressões do segmento S-T representam um quadro de isquemia do miocárdio (Robergs & Robergs, 2002), devido a um desequilíbrio entre necessidade sangüínea do músculo cardíaco e o suprimento sangüíneo oferecido (Barnard et al, 1973). A identificação da depressão do segmento S-T durante ECG de esforço esta relacionada com o surgimento de problemas cardiovasculares como infarto agudo do miocárdio, angina pectoris e morte por complicações coronárias (Kattus et al, 1971).
A realização de esforços físicos máximos de forma súbita (EFMS) está associada com alterações como a depressão do segmento S-T, diminuição da relação suprimento-demanda do miocárdio (Barnard et al, 1973) e alterações na fração de ejeção do ventrículo esquerdo (Foster et al, 1981) em indivíduos saudáveis. Alterações como estas são similares às alterações identificadas em indivíduos com doença arterial coronariana (Foster et al, 1981). A realização de aumentos gradativos da intensidade de esforço até um nível máximo (Foster et al, 1981) ou a realização de aquecimento anteriormente a EFMS (Barnard et al, 1981; Foster et al, 1982) parece evitar o surgimento destas anormalidades.
Alongamento no Aquecimento e o Risco de Lesões.
Tradicionalmente são utilizados exercícios de alongamento como aquecimento anteriormente a realização de exercícios como corrida, natação, ciclismo e outros. A realização destes exercícios de alongamento apresenta como justificativa a prevenção de lesões geradas pelo exercício físico em questão, já que muitas pessoas acreditam que quando um músculo possui maior complacência (distensibilidade) apresenta também uma menor probabilidade a lesões (Shrier, 2000), contudo cientificamente não existe comprovação de que exercícios de flexibilidade ou uma maior flexibilidade, ou ainda outros tipos de aquecimento tenham uma ligação direta com uma menor probabilidade de lesões geradas por exercícios físicos ou práticas desportivas (Mechelen, 1992; Gleim & McHugh, 1997; Yeung & Yeung, 2001; Black et al, 2002; Lawrence, 2005). Em um trabalho realizado por MECHELEN ET AL (1993) foi analisada, durante 16 semanas de treinamento de corrida, a influência de uma intervenção que consistia de exercícios de aquecimento, volta à calma e alongamento sobre o risco de lesões, usando também um grupo controle. Ao final do trabalho a incidência de lesões no grupo controle foi de 4,9 lesões para cada 1000 horas de treinamento e no grupo experimental foi de 5,5 lesões para cada 1000 horas de treinamento. Essa incidência de lesões ficou dentro da média reportada pela literatura, que varia entre 2,5 e 12,1 lesões para cada 1000 horas de corrida (Mechelen, 1992).
Semelhantemente ao estudo relatado anteriormente, quando foi investigado o efeito dos exercícios de alongamento como parte integrante do aquecimento sobre o risco de lesões nos membros inferiores, incluindo lesões de tecido mole ou tecido ósseo (Pope et al, 2000), mostrou-se não existir relação entre a realização de exercícios de alongamento como parte do aquecimento e a diminuição do risco de lesões. As lesões de um período de 12 semanas de treinamento foram monitoradas em 1538 soldados, tendo ocorrido 158 lesões no grupo que realizava alongamentos e 175 no grupo que não realizava alongamentos no aquecimento. POPE ET AL (2000) mostraram existir uma relação entre o risco de lesões e o desempenho durante o teste de consumo de oxigênio (SHUTTLE RUN TEST – 20 METERS), sendo sim um nível de aptidão física mais elevado um fator capaz de reduzir o risco de lesões.
Referências na parte 1
Abraços...Carlinhos!
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