TUDO SOBRE O BICARBONATO DE SÓDIO E A ACIDEZ CORPORAL ? PARTE 1
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TUDO SOBRE O BICARBONATO DE SÓDIO E A ACIDEZ CORPORAL ? PARTE 1


Fala rapaziada!

Hoje inicio uma série assaz curiosa que irá tratar sobre os problemas da acidificação do nosso organismo, especialmente no que tange ao desempenho esportivo, envolvendo a queda de performance, aumento do catabolismo muscular e diminuição da queima de gordura.

Além disso, aproveitarei o contexto para tratar sobre um baratíssimo suplemento, desconhecido pela grande maioria das pessoas, mas que, ironicamente, todos têm em casa: o bicarbonato de sódio.

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Boa leitura!


1- PRELIMINARES

Você curte uma preliminar, caro leitor? Ou já prefere partir para o que interessa? Tem dias em que é legal não enrolar, né?!

Bom, infelizmente, hoje precisaremos fazer uma considerável introdução, haja vista que necessito expor uma pequena quantidade de conceitos de bioquímica para deixar o conjunto da leitura mais tranquilo.


A) SOBRE O pH

Primeiramente, vamos tratar sobre a definição do cientista Arrhenius: ácidos são substâncias que, em meio aquoso, liberam íons H+; bases, por sua vez, participam com o OH-.

Para medirmos a acidez/basicidade de uma substância, utilizamos o tal do pH, que significa ?poder de concentração dos íons H+. Neste caso, temos uma tabela que vai de 0 a 14, sendo os números menores que 7 os representantes do grupo ácido; os de valor 7, os do grupo neutro; os maiores que 7, os básicos.



Acho importante mencionar que nem todo ácido possui aquele poder corrosivo assustador que vemos nos filmes e tudo mais. Alguns refrigerantes, por exemplo, têm pH 2,5 e nem por isso, infelizmente, eles destroem a lata que serve de recipiente, muito menos a sua boca...

Por fim, temos uma coisa que normalmente confunde a galera: se você quer aumentar a acidez de uma substância, o que você faz: aumenta ou diminui o pH?

Aumenta certo? Se queremos aumentar a acidez, é só aumentar o pH e já era... Essa foi fácil, vamos para a próxima, pessoal?

Errado! Precisamos diminuir o pH de uma substância para aumentarmos a sua acidez. Para tanto, poderemos aumentar a concentração de íons H+. Por outro lado, caso elevemos o pH, para mais de 7, estaremos deixando a solução ainda mais alcalina (básica).


B) NA DIGESTÃO

A digestão começa na boca, com a mastigação e a atuação da amilase salivar, e aqui já temos uma curiosidade: o pH deve ser preferencialmente neutro. Pessoas com saliva ácida, além de prejudicarem a atuação da enzima, ainda têm tendência a desenvolver cáries.

Depois de triturado, cortado, rasgado, destruído e babado, o alimento é deglutido e, em aproximadamente 6 segundos, atinge seu estômago. Aqui já temos um contexto todo especial: a enzima que começará a atuar é a pepsina, que trabalha em meio ácido (pH entre 1 e 2) e digere proteínas.

No entanto, você já parou para pensar no porquê de seu estômago não digerir ele mesmo, além de outros órgãos, quando vazio? Pois é, o mecanismo de defesa do organismo é o seguinte: a pepsina, na falta de alimentos, fica inativada na forma de pepsinogênio.

Quando o estômago percebe que você está comendo, ele pega e libera HCl (ácido clorídrico), para deixar o meio ácido e também para dar uma espécie de ?esterilizada? no alimento, matando uma caralhada de micro-organismos que entram junto da comida, algumas vezes loucos para te deixarem doente.
Com a diminuição do pH, a pepsina é novamente ativada e passa a digerir as proteínas que estão chegando.

Depois de algumas horas, chega a vez do duodeno, a porção inicial do intestino delgado, terminar o serviço. O problema é que o quimo (?comida?) que chega nele é muito ácido, por conta do HCl, e pode destruir suas membranas internas, haja vista que ele não consegue produzir um muco especial de revestimento como o do estômago.



Então, assim que o quimo toca a parede do duodeno, este libera um hormônio chamado secretina, que avisa o pâncreas, uma das glândulas anexas do sistema digestório, que ele precisa produzir o suco pancreático, substância rica em bicarbonato de sódio (e enzimas digestivas), para que o pH suba de 1-2 para 8-8,5.

Sim, é isso mesmo que você leu: o seu pâncreas fabrica bicarbonato de sódio, o protagonista desta série! A título de curiosidade, a bile, produzida pelo fígado, também dá uma forcinha na hora de alcalinizar a digestão.

Pronto. Apresentei um bate-papo bem bobinho, com a simplificação da simplificação, mas que já está de bom tamanho para a leitura da série. Quem sobreviveu até aqui, sem cochilar, meus parabéns!


2. OS PROBLEMAS DA ACIDEZ CORPORAL

Um dos aspectos mais importantes no que diz respeito ao desenvolvimento muscular e à manutenção de um estado anabólico é o balanço ácido-base do nosso organismo. Se o seu sanguinho estiver com muitos H+, pode esperar: menor perda de gordura, menor ganho de força e maior catabolismo de massa muscular.

O sangue de uma pessoa saudável tem pH por volta de 7,4, ou seja, levemente alcalino. Porém, por conta do estilo de vida do homem moderno, esse número vem caindo e o sangue vem passando por um ?processo de acidificação?.

No que tange aos marombeiros, temos três fatores que auxiliam para este quadro:

- Quando treinamos, produzimos muito ácido lático;

- Nossa alimentação é muita rica em proteínas, que são gigantescos grupamentos de aminoácidosou, em outras palavras, ?aminas-ácidas?;

- No cutting, com uma dieta de baixo carbo, induzimos o organismo a um estado de cetose: de forma simplificada, é quando convertemos gordura em ácidos graxos e corpos cetônicos para obtermos energia. Uma das consequências disto é a queda no pH (cetoacidose).
 
Bom, sem dar nenhuma dica nem destacar palavras do texto, eu pergunto: o que estes três processos têm em comum?

Hum... O lance do ácido? Isso! E se é ácido, o pH é menor que 7.

Apresentei as causas, agora vamos ver algumas consequências:

- pH e musculação: a síntese proteica é muito mais elevada num meio básico do que em um ácido. O mesmo vale para o catabolismo muscular, que tende a aumentar ao passo que o pH diminui (a enzima que quebra o BCAA muscular, por exemplo, aumenta sua ação em 53%. Outra enormemente prejudicada é a glutamina).

Outro ponto interessante é que o hormônio IGF-1, um dos mais anabólicos do nosso corpo, sofre uma queda de 25% quando estamos em estado de acidose corporal. O mesmo vale para a insulina e para o GH (hormônio do crescimento), que sofrem maior resistência do organismo para agirem.

O cortisol, desgraçado como sempre, dá-se muito bem em pH baixos e aumenta o catabolismo proteico... Percebam que cenário de merda!

Para piorar, como se nada disso fosse ruim o suficiente, a queima de gordura diminui em meios ácidos. Por fim, temos ainda um aumento do apetite e uma queda considerável na ação dos hormônios da tiroide.
(Too, D., 1998).

- Performance esportiva: em meios mais ácidos, a fadiga muscular acontece mais rápido. O motivo é o acúmulo de íons do ácido lático, produto do metabolismo (fermentação) da glicose na ausência de oxigênio (meio anaeróbio).

Prejudicando ainda mais o cenário, imagine começar o treino com o pH corporal mais baixo do que o normal? A fadiga virá ainda mais rápido e seu treino será um lixo...

- Problemas renais: o problema que eu gostaria de explorar neste contexto é o da acidose metabólica, que é gerada pelo aumento do catabolismo proteico, diminuição da síntese proteica e pelo balanço nitrogenado negativo (Manz, F., 1995).

Este quadro é facilmente administrável por pessoas saudáveis, portanto, não tenha medo de uma dieta hiperproteica, pelo amor de deus! O problema ocorre, todavia, com pessoas idosas e com as que têm pré-disposição ao desenvolvimento de distúrbios renais.

Outro sintoma que se costuma apresentar por conta deste inconveniente é a hipercalciúria: nosso corpo vai ?soltando? grandes quantidades de cálcio para tentar neutralizar a acidez. Resultados: desenvolvimento de doenças ósseas no longo prazo, como osteoporose; muito cálcio na urina não é legal, pois pode formar cálculos.

Um dos fatores mais importantes aqui é o cuidado da dieta. É muito fácil responsabilizar a proteína por todos os males, porém, saiba que o quadro de acidose metabólica ocorre, na maioria dos casos, pela baixa ingestão de alimentos alcalinos, como a maioria dos vegetais.

Como um dos tratamentos viáveis, para todos estes problemas, convido, mais uma vez, nosso amigo bicarbonato para brilhar.

Ficamos por aqui. Esse artigo já finalizou seu papel introdutório e abriu o espaço que eu queria para discutirmos sobre o bicarbonato de sódio. Nos falamos na próxima edição, até lá!

(Esta série contém 4 partes. Continue a leitura acessando: parte 1parte 2parte 3 e parte 4.)

Forte abraço!

FERNANDO PAIOTTI,
Consultor e Assessor em musculação.

Para conhecer ou contratar algum dos meus serviços clique no link acima ou envie email para: [email protected] 


OBSERVAÇÃO: boa parte das informações deste capítulo 2 eu retirei de um excelente texto intitulado ?pH anabolic? do autor Michael Gündill. Agradeço a ele por dividir o conhecimento conosco.




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