DESABAFOS DE UM MAROMBEIRO LESIONADO E RECÉM-OPERADO: CAPÍTULO 2
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DESABAFOS DE UM MAROMBEIRO LESIONADO E RECÉM-OPERADO: CAPÍTULO 2


ATENÇÃO: o artigo que você está prestes a ler não é censurado e contém muitas palavras de baixo nível, afinal, trata-se de um ?desabafo?. Recomendo que pense duas vezes antes de prosseguir, uma vez que eu sou um bom moço, educadinho, e quero que você continue com essa imagem de mim! (Ai, meu deus, quanta hipocrisia!!).


UM JARDINEIRO COM O PUNHO LESIONADO

Fala galera? Tranquilidade?

Para mim não, pois hoje vamos começar a discutir as lesões que consegui nesse ano de 2013. Acredito que muitos devem ter pensado: ?Porra desabafos?!?! Que frescura... Vai procurar um psicólogo, seu viadinho! Vai chora no colo da mamãezinha!?.



Tranquilo. Podem aloprar, mas uma coisa já adianto malandro, um cara que está fodido sem treinar que nem homem desde maio, com o punho estourado que mal consegue abrir uma porta até hoje,  que operou o saco e a virilha há 1 mês, levando 14 pontos, e que viu o próprio pinto totalmente preto e desfigurado por 4 dias, estará simplesmente CA-GAN-DO para as críticas e gozações... isso é fato, não tem o que discutir. 

Antes de tudo, gostaria de falar uma coisa bem séria: conheço muita gente do meio da musculação: professores, instrutores, treinadores e fingidores. Mandei alguns emails pedindo conselhos quanto ao treinamento com hérnia e possíveis riscos da operação. Filho da puta nenhum respondeu. Ponto final. Deixo aqui, então, meu muito obrigado a todos eles...

Pois bem, porque vou começar essa série então, que de desabafos não terá quase nada? Simples, como não quiseram nem me ajudar, nem tirar minhas dúvidas, agora eu mesmo passarei o conhecimento adquirido adiante. Afinal, eu operei essa merda e sei exatamente tudo que passei. Você não vai ler palhaçada de conselhos e avisos aqui na série, você vai ler a verdade nua e crua, serão fatos reais, sem boiolice nem bi-bi-bi pra enfeitar a história para eu pagar de herói.

 EVENTO 1 - trauma na fibrocartilagem triangular do punho direito.

Meu jardim estava uma zona, meu roseiral tomado por plantas parasitas: já não se via mais a cor do solo. A hortinha, então, que eu adubei com tanto cuidado, ou não, era só mato. Bom, já estava mais do que na hora de dar um trato ali e mostrar quem é que manda. Meu roseiral não é pouca bosta não, no meu auge, cheguei a ter 81 pés. Hoje tenho menos da metade: rolou aquela competição da sobrevivência do mais forte, sendo que as roseiras que triunfaram, transformaram-se em monstros, verdadeiros freaks do reino plantae. Meu maior xodó está com mais de 3 metros de altura, alcançando quase o topo de uma árvore que tenho, por onde ela se enrosca para conseguir seu lugar ao sol.

Gosto não se discute, a jardinagem é o que mais gosto de fazer depois de puxar ferro: cuidar das plantas faz bem para o corpo e traz paz de espírito, só quem pratica essa atividade vai entender o que estou dizendo. Além disso, o trabalho braçal de se carpir, carregar sacos de terra, cavar buracos, arrancar matos com as mãos, podar galhos duros com facão e alicate, não é para qualquer um. Se você acha jardinagem coisa de viado, desafio você a um dia de trabalho duro na terra. Ao final da experiência, vamos ver quem é a baitola.
E outra né, a mulherada gosta. Quantas mulheres não gostariam de receber um buquê de rosas plantadas pelo próprio cara? A minha tem essa sorte e sempre ganha uma rosa vermelha. Bom, mas vamos parar por aqui antes que alguém se apaixone!

O roseiral se fechou de tal maneira que em alguns espaços eu perdi acesso. O jeito era segurar a enxada com apenas uma mão, pela ponta do cabo e carpir. Legal, eu pensei, ainda por cima treinarei meu antebraço. E lá fui eu todo pimpão carpir aquelas porras. No final da manhã o serviço estava finalizado, assim como meu punho direito: alguma coisa ali parecia estar errada... Mas sei lá, poderia ser apenas mal jeito, inocentemente imaginei.

A tarde fiz um treino pesado, senti o punho, devo ter usado munhequeira, nem lembro mais, e ficou por isso mesmo. E nada dessa merda de dor melhorar. E o tempo foi passando. Um mês dolorido e nada. Só para deixar claro, essa dor era nota 4, numa escala de 0 a 10, ou seja, nada demais. Sentia dor apenas no treino, especialmente no dia de bíceps. Mas minha vida estava normal. Dias depois, dois episódios me deixaram preocupado:

Primeiro: meu testículo direito começou a doer bastante. Esperei duas semanas e a dor passou. Alguns dias depois, ela voltou com tudo. Alguma coisa me dizia que a coisa era séria, que seria melhor ir a um médico, mas que me arrependeria do que poderia descobrir. Portanto, enrolei 3 semanas para fazer a tal visita ao meu amigo pessoal, Dr. Riberto. 

Fui diagnosticado como tendo uma epididimite/orquite, para resumir, num brasileiro bem claro, tava com a bola do saco inflamada. Por quê? Sei lá! O problema é que nessa visita ele achou a demoníaca hérnia na minha virilha direita. Juro para vocês que a notícia não me abalou na hora, mas não foi porque eu fui o pica das galáxias ao ouvir tais dizeres, foi porque não quis acreditar.

Há anos que tenho medo de ter hérnia, justamente porque gosto de treinar bastante pesado. Se não for para treinar feito sujeito-homem, então que nem treine, penso eu. Quando comecei a montar minha própria academia, em agosto de 2012, comecei a ficar ainda mais sádico comigo mesmo nos treinos, quebrei vários platôs e acordei músculos que mal cresceram nos últimos anos. Por motivos pessoais, parei de tomar suplementos (suplementos mesmo, já que sempre fui drug free, ou seja, merda de anabolizante nenhum jamais entrou no meu corpo) e comecei a comer mais do que nunca. Vou dizer para vocês, depois de uns bons anos puxando ferro, é foda treinar limpo e continuar crescendo e crescendo. Uma hora ou outra a coisa fica complicada. Aí você experimenta novas metodologias de treino, técnicas para aumentar a intensidade e por aí vai, mas é fato que um dia a genética vai falar mais alto.

Pois bem, mesmo com 10 anos de musculação nas costas, eu estava tendo um rendimento fodido nos treinos, aumentei legal o peso em 100% dos aparelhos. O que mais me alegrou foi o supino. Resumindo: estava no meu auge. Só que aí vieram as lesões e meu maior medo se concretizou: hérnia, mas isso será assunto do próximo capítulo.

Voltando ao lance do punho, o que realmente me intrigou é que tive que ficar 10 dias de repouso por causa do testículo, tomando anti-inflamatório todos os dias, e nada do punho melhorar! Porra realmente o problema era sério.

Segundo: aí beleza, voltei a treinar, a dor no saco passou, resolvi que era hora de treinar mais pesado que nunca para tirar o atraso. Na segunda semana, quando fui fazer o supino reto com halteres para o peito, na hora em que joguei o peso para trás para deitar, senti meu punho rasgar por dentro. Foi horrível. A coisa foi tão barra pesada, que pela segunda vez na vida, interrompi um treino pela metade (a primeira foi quando rompi uma parte do tríceps, jan/2008, treinando extensão com halteres por trás da cabeça com míseros 55kgs).

Dia seguinte fui ao pronto-socorro. Para variar, o médico deixou a desejar e faltou boa vontade, é foda, esses caras não sabem trabalhar com atletas... Ele sabia que não ia adiantar, que era caso pra ressonância magnética, mas mesmo assim mandou fazer ultrassom e raio-X. Como esperado, nada foi descoberto. Ganhei uma receita de anti-inflamatório e um pedido de ressonância. O hospital, por sua vez, deixou de fazer um exame que deveria, economizou uma grana, e não me forneceu nada para isolar a área. 



Realizaria o exame na semana seguinte, mas enquanto isso, o que seu querido marombeiro-escritor fez? Bolou um jeito de treinar mesmo machucado e criou a série ?treinando com lesão?, porque dessa vez sim a dor era nível 9, já não conseguia mexer a mão para fazer coisas banais como abrir portas e tomar banho.

A ressonância acusou dois problemas e achou um cisto. Por outro lado, o diagnóstico de três médicos que visitei para mostrar os exames foi outro. Serei sincero, acho que os médicos estão certos, porque me auto examinei várias vezes, de fato não tenho formação na área, mas pelo que estudei a lesão foi na fibrocartilagem triangular, e não em outras articulações como acusou a RM.

Essa fibrocartilagem triangular nada mais é que uma estrutura fibrocartilaginosa presa aos ligamentos que estabilizam a ulna no rádio e nos ossos do carpo. Além disso, absorve impactos no punho referentes ao lado ulnar, ou seja, do dedo mínimo. Para que você tenha uma noção do que se trata, toda a lateral do seu punho, lateral esta referente ao seu dedo mínimo, dói e dói muito. Caso rotacione o punho pra direita ou para a esquerda, verá estrelas. Essa lesão é muito comum em tenistas, mas no meu caso, ela surgiu executando movimentos repetitivos e impactantes e foi agravada pela musculação.

Felizmente, a lesão tem tratamento: fisioterapia, gelo, anti-inflamatórios de baixa ação e repouso. Mas sinceramente acho que alguém aí comeu bola, porque já estou sem treinar há um mês, por conta da operação e praticamente não vi melhoras... Já já essa lesão completará 6 meses. Sei não se essa porra não era caso cirúrgico, viu... Nessas horas que é bom ter seu médico de confiança, faltou um Dr. Riberto aí, o cara cuida da minha carreira já há 7 anos, uma pena ele não ser ortopedista também.

Bom gostaria de parar por aqui. Na verdade, irei pausar essa série por um tempo. A partir de agora, ela levará um novo título: ?treinando com lesão?. Essa nova minissérie será, nada mais, nada menos,  que um capítulo da série ?desabafos de um marombeiro...?, mas como trataremos especificamente de treinos, resolvi dar essa mudada no rótulo. A minissérie terá 5 partes e apresentará treinos pesados para todos os grupos musculares. Não pensem que treinei que nem menininha só porque estourei o punho não. Fiz o possível pra manter a intensidade e preservar a minha saúde ao mesmo tempo, ou seja, para não agravar o problema pela segunda vez. A coletânea servirá para todos aqueles que têm algum tipo de lesão na mão/punho e não conseguem se afastar da musculação.

Te vejo lá ok? Daqui um tempo, voltamos com o capítulo 3, fechado?

NOTA DO AUTOR: COMO PODEM VER NA DATA, ESSE TEXTO FOI PUBLICADO EM 10/11/13. ACONTECE QUE, MESMO APÓS 3 MESES DE REPOUSO SEM TREINOS, POR CONTA DA OPERAÇÃO DA HÉRNIA/VARICOCELE, MEU PUNHO NÃO SE RECUPEROU. PROCUREI UM NOVO MÉDICO E  MEU CASO, DESTA VEZ, FOI ENQUADRADO COMO CIRÚRGICO. O PROCEDIMENTO FOI REALIZADO ONTEM (10/01/14), FATO QUE ME LEVOU A ESCREVER ESSA NOTA E A FUTURAMENTE ESCREVER UM NOVO CAPÍTULO DENTRO DESTA SÉRIE.


ATENÇÃO: esta série contém várias partes. Continue a leitura acessando:
- PARTE 1: Introdução e apresentação dos eventos da série.
- PARTE 2: Um jardineiro com o punho lesionado
- PARTE 3: A epididimite
- PARTE 4: A hérnia e a varicocele I
- PARTE 5: A hérnia e a varicocele II
- PARTE 6: CRÔNICAS DE UMA CIRURGIA - PARTE I
- PARTE 7: CRÔNICAS DE UMA CIRURGIA - PARTE II

Forte abraço!

FERNANDO PAIOTTI,
Consultor e Assessor em musculação.

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